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Missionária paranaense volta para casa depois de dois anos na Guiné-Bissau

Samara Taiza Zwirtes é enfermeira e, por dois anos, ajudou na prevenção e cuidados com a desnutrição infantil no país africano considerado um dos mais pobres do mundo.

29/12/2018

“Todo missionário deve chegar a um lugar, fazer seu trabalho e depois, seguir em frente, sempre levando sua alegria e experiências. Ser missionário é pôr-se a serviço, sem cobrar nada em troca, é realizar tarefas que a maioria das pessoas não teria coragem de fazer”. Estas são palavras do bispo da diocese de Guarapuava, Dom Antônio Wagner da Silva, sobre o trabalho missionário desempenhado por religiosos ou leigos.

E foi com este espírito de doação e entrega, que a missionária curitibana Samara Taiza Zwirtes partiu, há dois anos, para a Guiné-Bissau, com o intuito único de servir a quem mais precisava naquele país que é considerado um dos mais pobres do mundo.

A missionária, que é enfermeira de formação, retornou ao Brasil, mais especificamente a Curitiba, sua cidade, no dia 01 de dezembro de 2018.

Em terras africanas, ela atuou na Missão Católica Paulo VI, mantida pelo regional Sul 2 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), na cidade de Quebo, diocese de Bafatá, na Guiné-Bissau. O trabalho de Samara foi realizado no hospital da cidade de Gabu, que atende especialmente crianças com desnutrição. No período em que lá esteve, Samara ajudou a livrar da morte, mais de duzentas crianças que hoje têm a oportunidade de lhe agradecer com um sorriso e um carinho, pelo trabalho desenvolvido num dos mais nobres gestos de amor e partilha.

Samara chegou a Curitiba no sábado, dia 01 de dezembro e, ainda no aeroporto Afonso Pena, em São José dos Pinhais, foi recebida calorosamente pela família e amigos que a aguardavam com flores e gestos de carinho. No domingo, dia 02 de dezembro, a jovem missionária foi acolhida na comunidade Nossa Senhora da Paz com uma missa de ação de graças. Na ocasião recebeu votos de agradecimento e felicitações e também recebeu de presente um quadro do Papa Paulo VI, padroeiro daquela missão onde foi seu lar por dois anos.

No saguão do aeroporto, Jair Zwirtes, pai de Samara estava emocionado esperando a chegada da filha. “Hoje eu me sinto com muita ansiedade e com muita saudade. Há dois anos que minha filha foi para esta missão na África e agora ela retorna com seu trabalho cumprido. Esta é uma saudade sadia, uma saudade gostosa, pois sabendo do que ela fez lá, de quem ela ajudou, faz com que a gente fique feliz por aqui também e agradeça a Deus pela graça de ser pai”, disse Jair que com uma rosa na mão, aguardava a entrada da filha pelo corredor de desembarque do aeroporto paranaense.

Beatris Demarch, mãe de Samara, também se sentia muito ansiosa enquanto aguardava a chegada da filha depois de um longo tempo sem vê-la pessoalmente. “Em primeiro lugar, eu tive o conforto de Deus. Por isso, eu digo que Ele sempre esteve comigo neste período em que ela (Samara) esteve longe. O trabalho que minha filha fez lá, junto àquele povo, é motivo de muito orgulho e satisfação. Tudo isso nos enche de alegria. Enquanto família, nós estamos sem palavras para agradecer por tantas coisas boas”, sublinhou Beatris.

O irmão de Samara, Fábio Zwirtes, se mostrou muito emocionado enquanto aguardava o retorno da irmã. Segundo Fábio, a estada de Samara na África lhe inspirou e lhe deu coragem e esperança para procurar sempre fazer o melhor para as pessoas à sua volta, num exemplo claro de vivência cristã. “Eu sempre me senti muito orgulhoso pelo trabalho que minha irmã desempenhou na Guiné-Bissau durante esses dois anos. Ela fez a diferença junto àquelas pessoas tão necessitadas. Isso me deixa alegre e confiante. Eu conto para as pessoas sobre a missão e me encho de alegria. Tudo isso é muito bonito. Não há como descrever esta sensação”, falou Fábio no momento em que Samara apontava no corredor de desembarque do aeroporto Afonso Pena.

Parentes, amigos e pessoas da comunidade, também foram recepcionar a jovem missionária. Todos levaram flores em sinal de acolhida e amor.

Durante a missa, na comunidade Nossa Senhora da Paz, Samara falou sobre a missão e agradeceu a todos os que rezaram por ela num verdadeiro alicerce de amor e confiança. Se não fosse o poder das orações de cada um, ela disse que não teria permanecido todo este tempo e desempenhado suas funções junto ao povo da Guiné-Bissau. “Se eu pudesse resumir tudo em uma única palavra, eu diria que é gratidão. Agradeço por ter estado lá, por ter tido a oportunidade de viver a minha missão, pelo meu chamado. Se não fosse cada um de vocês, eu não teria conseguido, eu não ficaria lá”, disse Samara durante a missa.

Depois da celebração, a missionária conversou com a reportagem do Regional Sul 2 da CNBB e disse que durante os dois anos de trabalho na Guiné-Bissau, pôde presenciar muitos milagres. “Enquanto permaneci lá, eu tive a graça de presenciar muitos milagres. Um que me marcou muito, o de um menino chamado ‘Yaya’ (sic), que chegou lá no centro de desnutrição infantil em estado muito grave, debilitado mesmo. Ele precisava de cuidados especiais, vinte e quatro horas por dia. E Foi feito o possível. Depois de três meses, ele recebeu alta e aquilo, para mim, foi um verdadeiro milagre. Durante dois anos, mais de duzentas crianças passaram por lá, receberam cuidados e hoje estão bem de saúde. Foi um verdadeiro desafio vencer a desnutrição e eu agradeço a Deus por ter tido esta oportunidade de trabalhar com aquelas pessoa, principalmente, com as crianças. É tão bom e vale a pena doar um pouco do que a gente sabe, dos nossos conhecimentos a este povo que precisa e que não tem nem com quem contar, na maioria das vezes. Todo sofrimento, o afastamento da família e dos amigos, valeram a pena. Eu vivi o meu chamado”, conclui Samara.

A MISSÃO

Atualmente mais de quarenta missionários brasileiros atuam em duas dioceses (Bafatá e Bissau) da Guiné-Bissau, na África. A ação missionária da Igreja no Brasil é coordenada pelas Pontifícias Obras Missionárias (POM), um dos organismos da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), cujo papel é prestar solidariedade e dar apoio aos missionários brasileiros na missão além-fronteiras.

O trabalho dos missionários inclui evangelização e promoção humana como, educação, saúde, orfanatos, creches, Pastoral da Criança, promoção das mulheres, meios de comunicação, escola técnica e outras formas de defesa da vida. A presença dos missionários tem reconhecimento tanto do povo como dos governos, pois amenizam sofrimentos e desenvolvem o crescimento humano.

 

CDC / Com informações do Regional Sul 2 da CNBB

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